Nem mesmo um dos mais tradicionais dos setores, o de construção, está livre da revolução digital. Pelo contrário. Essa indústria tem sido fortemente impactada pela tecnologia tanto por meio da criação de startups quanto a partir da inovação de gigantes do setor. Representantes de empresas da área falaram sobre o assunto nesta segunda-feira (27/11), durante a primeira edição do Construsummit, em São Paulo.

Apesar de a indústria de construção ser responsável por 10% do PIB mundial, ela conta com alta taxa de improdutividade. “O segmento é o segundo pior em termos de adoção de tecnologia. Temos de promover uma revolução digital para mudar esse cenário”, defende Bruno Loreto, diretor de operações da Construtech Ventures. A empresa se dedica a apoiar o desenvolvimento das chamadas construtechs, startups que buscam solucionar problemas da cadeia de construção de maneira inovadora (como as fintechs, no setor financeiro). Atualmente, conta com oito empresas em seu portifólio.

O segmento é promissor. Os investimentos em construtechs nos Estados Unidos já somam mais de US$ 1 bilhão. “No Brasil, a revolução também já começou. Você pode escolher participar ou ficar de fora”, diz Loreto. “Temos mais de 250 construtechs mapeadas no país.” Ele acredita que, nos próximos anos, deverá haver um boom das startups do setor.

Novatas
O que não falta são novas companhias de olho nesse mercado. É o caso da ZeroDistrato, que tenta solucionar um dos principais problemas da cadeia imobiliária. Segundo o cofundador Yan Carlomagno, a empresa estima um prejuízo de R$ 6 bilhões por ano no setor por causa dos distratos (a desistência de compra de um imóvel). Treinada com 110 mil contratos, a plataforma alia inteligência artificial e big data para prever o risco de um cliente encerrar o seu contrato.

Por sua vez, o empreendedor Glauco Farnezi criou um aplicativo chamado Facilita, a fim de deixar a vida dos corretores de imóveis mais simples. Trata-se de uma ferramenta que propõe que todo o processo de venda de uma propriedade seja feita com a ajuda de um aplicativo, tornando mais eficiente a gestão de atendimento. A plataforma automatiza funções que antes os corretores tinham de fazer de maneira analógica. “O processo de vendas do mercado imobiliário é muito complicado, cheio de burocracias”, diz Farnezi. “A intenção do Facilita é descomplicar, deixar o processo o mais óbvio possível.”

Gigantes
As mais tradicionais empresas do setor não querem ficar de fora das transformações. No começo desse ano, a Andrade Gutierrez começou a desenvolver um programa de inovação com o objetivo de se aproximar de startups. “Queríamos fomentar uma cultura de inovação tanto dentro como fora da empresa. (…) Queríamos realmente construir o futuro do setor”, diz Gabriel Villas Boas, diretor de inovação da Andrade Gutierrez. Além de realizar um evento de inovação chamado Digital Day, a empreiteira criou o Vetor AG, um programa de incubação e aceleração corporativa, cuja seleção de startups começa em breve. “Buscamos excelência e economia nas nossas obras.”

Por sua vez, a Alphaville Urbanismo criou o Alpha Inova, um programa também de conexão com startups, a fim não de comprá-las, mas de fechar parcerias para solucionar problemas específicos. “Desde o início focamos em excelência operacional e valor para o cliente”, afirma Patrícia Hulle, gerente geral de negócios da Alphaville Urbanismo. “Queríamos também auxiliar as startups em seu desenvolvimento.” A empresa fez um processo de seleção e, agora, desenvolve projetos pilotos com 10 finalistas. O próximo passo é decidir quem serão os futuros novos fornecedores da companhia.

Mudança de estrutura
A transformação digital impactará até o tamanho dos imóveis sendo vendidos. “As pessoas estão extremamente conectadas”, diz Marcos Araújo, presidente da Datastore, empresa especializada em inteligência e pesquisa de mercado. Segundo ele, ao mesmo tempo em que essa mais vida digital leva cria oportunidades de anunciar lançamentos imobiliários em dispositivos móveis, por meio das redes sociais, também pode levar à compra de apartamentos menores, uma vez que as pessoas circulam menos, pois ficam mais tempo no celular. “Com os aplicativos, as vendas imobiliárias estão prontas para serem desestruturadas como nós as conhecemos.”

Fonte: http://epocanegocios.globo.com/colunas/Tecneira/noticia/2017/11/como-tecnologia-esta-mudando-industria-da-construcao.html?utm_source=instagram&utm_medium=social&utm_campaign=post